É verão! Arrumando o altar


Hoje é o primeiro dia do Verão, também conhecido como “Solstício de Verão do Hemisfério Sul”, um dia que marca o inicio de um período de três meses chuvosos e quentes, pelos menos onde moro. Neste dia, Bruxas e Magos fazem rituais para absorver o que de melhor a natureza tem a oferecer, e claro, eu não poderia fazer diferente. 

Como de costume fui a um parque, literalmente, respirar o verão e escolher os itens que vão compor o meu altar desta estação. Faço isso para me sintonizar com forças da natureza que irão me influenciar nos próximos meses, aprendendo com cada folha, vento e inseto um ensinamento de como me relacionar melhor comigo e com os outros. E esse é um ponto importante, porque, tudo na vida e na magia se resume as relações e vínculos que estabelecemos com os outros e com nós mesmos. Relações ruins, vida ruim. Relações boas, vida boa. E quando identifico algo de bom na natureza, algo que me desperta uma boa sensação, um capim dançando com a brisa, por exemplo, digo que esse capim possui magia e por tanto o trago para casa, e com ele componho meu altar da estação.

Não que eu tenha realmente trazido um capim para casa... Na verdade até tentei, mas desisti depois de cortar minha mão ao arrancá-lo, e optei por coisas que tinham sido lançadas na grama pelas chuvas, como uma casca de eucalipto e folhas de samambaia. Além das coisas físicas, do meu passeio no mato também trago lembranças de beleza, como as abelhas voando sobre as florezinhas amarelas, o cheiro da grama depois da chuva, ou ainda, o intenso calor do sol sobre minha cabeça, um lembrete pra não mais esquecer o chapéu.

Já em casa, limpo o altar. Retiro dele tudo que lembre a estação anterior, neste caso, a primavera. Faço isso com máxima consideração por tudo que passou, agradecendo a cada uma das folhas, agora secas, que compunham meu altar. Passado o pano, tirado o pó acumulado, trago a mente e ao coração, todas as alegrias que senti na caminhada no parque. A cada lembrança, aprendizado, reflexão ou sensação, um pedaço da casca do eucalipto é colocado sobre o altar, formando um circulo mágico sagrado. No centro deste circulo vai um pote, no centro do pote vai o fogo, no centro do fogo, estou eu. Fazendo isso, todas as situações pra chegar a mim, serão filtradas por esse circulo sagrado de cascas e verão.

O importante aqui não são as coisas, folhas, cascas ou pedras coloridas que coloquei no lugar do fogo. O importante aqui é a intima aproximação com a natureza que me cerca e me mantêm. O altar é pra ser admirado, depois de um dia corrido na cidade, me devolvendo a memória de tudo que me faz bem e me traz vida. Claro que de forma alguma ele substitui o contato visceral com a terra, os rios, os céus e os ventos, pois nada pode ser sentido com verdade à distância, nem o frio, nem o calor, nem a magia.

"Por meus caminhos, por meus relacionamentos, eu agradeço!"
Até a próxima.

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